Já pensou o que faz de você, você?

Diego Ungari
2 min readApr 16, 2021

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Por algum tempo as teorias indicavam que a nossa identidade era algo único, ou seja, a gente nascia e crescia do mesmo jeito. Não sei para vocês, mas para mim isso é inconcebível hoje em dia.

Pense em todos os diferentes papéis que você assume ou já assumiu durante sua vida como pessoa que é filha, irmã, sobrinha, pai ou mãe, marido ou esposa, empregada, empregadora, estudante, professora, mentorada, mentora… isso falando apenas em termos genéricos, sem considerar as individualidades e o repertório de cada uma.

Cada um desses diferentes papéis vai contribuindo para construirmos quem nós somos, porém em todos eles também nos sujeitamos a diferentes contextos que nos muda, de uma forma ou de outra, seja para nos adaptarmos ou para entendermos que aquilo não é pra gente.

Tudo isso vai nos construindo como os seres complexos que somos. O que passou não se apaga, mas nos muda. Cada vivência nos leva a construir uma nova parte de nós. Como disse minha psicóloga: Nós somos como uma cebola, temos uma fina casca e várias camadas, que são unidas por uma raiz.

Por isso entendo que nossa identidade não é algo linear, acredito que na maior parte das vezes nós não “somos” nada, nós “estamos”.

Compreender isso me traz certo conforto. O ser me passa um sentido de obrigação, de dever ser. Como obrigar a ser quando estamos em tantos papeis, tantos lugares, vivendo tantas coisas que nos mudam o tempo todo?

Como diz Hall (1990), “se sentimos que temos uma identidade unificada desde o nascimento até a morte é apenas porque construímos uma cômoda estória sobre nós mesmos ou uma confortadora ‘narrativa do eu’. A identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia”.

Sendo assim, por que insistimos enquanto sociedade a exigir em determinar comportamentos padronizantes? O tempo inteiro existem cobranças sobre como devemos agir em cada papel que assumimos. Mesmo por pessoas que nunca estiveram naquele contexto. E mesmo quem já passou por algo parecido teria uma vivência diferente, porque toda trajetória e o que nos forma enquanto indivíduos por si já é diferente.

Ninguém vive igual.

Eu sou a favor de nos libertarmos e rompermos alguns ciclos. Se você é professor ou professora, não tem nenhuma obrigação de ensinar igual você foi ensinado. Se você é pai ou mãe não precisa educar como foi educado. Mas para isso, antes de mais nada é importante revisitar a pergunta: O que faz de mim ser quem eu sou?

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