Como podemos sentir que somos dignos de amor?

Diego Ungari
2 min readAug 18, 2021

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Eu sigo em uma busca por ser cada dia mais eu. Não é fácil, já que não vivemos isolados em nosso próprio infinito particular. Vivemos em uma sociedade, que antes mesmo de chegar nela, já havia determinado alguns padrões sobre como devemos ser ou agir.

Nesse caminho, encontrei os trabalhos de Brené Brown e suas pesquisas sobre vulnerabilidade. Ontem começando a leitura de um de seus livros me chamou a atenção um trecho em que ela explica que nos colocarmos em uma posição de maior vulnerabilidade envolve, antes de mais nada, entendermos que somos passíveis de sermos amados e respeitados da forma como somos.

Isso me levou a pensar em minha trajetória pessoal de aceitação e em outras pessoas de outros grupos da comunidade LGBTQIA+.

Desde muito cedo a gente cresce ouvindo em diferentes grupos e campos sociais que entregamos que não ser hétero e cis é errado. A família teme a sociedade preconceituosa e no afã de ajudar acaba reproduzindo preconceitos. A Igreja, que seria um lugar de acolhimento pela palavra de Deus, rechaça, condena e expulsa. A Escola não educa igualitariamente, a educação sexual pode existir, desde que seja uma educação heterossexual.

Não é à toa que não raramente muito antes de nos entendermos como homo, bi, trans ou de outro modo, as crianças/jovens no ambiente escolar omisso, reproduzem discursos que possivelmente nem entendam, mas usam para rotular aquelas que fujam do padrão. E aí muitas vezes nos questionamos a primeira vez: Será que eu sou isso que dizem que eu sou?

As vezes nem era. Vimos a pouco o caso do filho da cantora Walkyria Santos que cometeu suicídio após ataques homofóbicos e ao se sabe ele não chegou a se identificar como gay. Ele nem pode. Muita gente não pode.

Exatamente por termos, enquanto sociedade, construído e propagado um ambiente em que mais do que não serem aceitas. Muitas pessoas LGBTQIA+ se constroem com o sentimento internalizado de que não são dignas de amor, de carinho, de afeto e de respeito. E é muito difícil “abaixar a guarda”, quando se passou anos sobre ataque.

Por isso, eu sempre reforço, o nosso movimento tem que ser sistêmico. Cada esfera da sociedade precisa entender seu papel na construção social e romper com o que já não pode mais ser tolerado. Para isso, precisamos seguir reforçando o que tem que mudar. Senão não muda.

E se você acha que não precisa de mudança, que tá tudo bem assim… ou pior, que precisa voltar a ser mais como era, que o mundo tá chato… Será que não está na hora de você procurar uma terapia para investigar as motivações para achar que o mundo gira ao seu redor? 🥰

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